Boca Raton | Freiband
Boca Raton Freiband
Idealizado por Martijn Tellinga em 1999, o projecto Boca Raton aposta numa sonoridade abstracta que mistura o acústico com o electrónico manipulando o som com sintetizadores. A co-existência da linguagem orgânica com o manuseamento do artificial faz dos live acts de Martijn Tellinga algo único e inovador. Mais do que a melodia, a harmonia ou o ritmo, no som de Boca Raton sobressaem a textura, o volume e a relatividade do tempo. Comissário de editoras como a holandesa Korm Plastics, a japonesa Spekk, e a portuguesa Crónica Electrónica, Martijn Tellinga continua empenhado em desenvolver a sonoridade electró-acústica e no live act que traz à Casa da Música isso vai estar bem presente. No mesmo dia, Frans De Waard apresenta o seu novo projecto Freiband, depois de Kapotte Muziek, Beequeen, Goem, Shifts, Quest e Staalplaat. O compositor alemão traz o curioso "Homeward" onde tomou a liberdade de manipular "Flying", o instrumental psicadélico dos The Beatles. Ao longo de oito faixas, intituladas de "Part 1" até "Part 8" - que correspondem a 20 minutos de experimentalismo -De Waard transforma um tema bastante familiar em algo completamente irreconhecível. Graças à distorção e à manipulação do som, estas oito faixas realçam o trabalho de reciclagem feito por De Waard num registo repleto de melodia e inspiração. De realçar o booklet de "Homeward" que foi inspirado no álbum dos The Beatles "Magical Mystery Tour". Um trabalho intrigante que reúne a unanimidade da crítica: "O projecto Freiband é excelente. É precisamente o tipo de ambiente e música experimental que cativa e fascina", lê-se na Black Harvest Zine; "É preciso estar com espírito para ouvir este álbum que é capaz de te fazer encontrar o equilíbrio sonoro. Apesar de curto, este trabalho proporciona uma viagem sagrada", na Foxy Digitalis. Produtor desde meados dos anos 80, De Waard inspirou-se no scratching de Asmus Tietchens, no álbum "Daseinsverfehlung", onde este se baseou num contexto puramente digital. Sobre o seu trabalho, De Waard diz ser música pop, feita através de sons de rolhas a saltar, do que propriamente de música popular. Depois do Japão, Canadá, Alemanha e Itália, entre muitos outros, Freiband chega a Portugal a convite da Casa da Música. Actualmente a trabalhar no terceiro álbum "Leise", com edição prevista para o final do ano, Freiband aborda sonoridades electró-acústicas a partir de músicas feitas pela filha Elise com vários objectos.
Flanger
apresentam "Spirituals" Ao dar uma filtragem experimental a elementos do jazz tradicional, Uwe Schmidt (aka Atom Heart) e Bernd Friedmann (aka Burnt Friedman) fundaram os Flanger em 1998, ano em que editaram o primeiro álbum "Templates". Neste registo usaram a bateria, o baixo, o piano e o vibrafone, mas graças à mistura que fizeram surgiram muitas outras sonoridades, irreconhecíveis à primeira audição. Com o selo da conceituada Ninja Tune Records - que conta com Kid Koala, DJ Food e Funki Porcini no catálogo - o álbum de estreia dos Flanger tinha como objectivo criar uma visão própria da música não-repetitiva, orgânica e extremamente complexa, contrariando o avanço da tecno e de outros estilos estabelecidos na chamada música contemporânea. O sucesso do primeiro álbum levou-os a repetir a experiência em Santiago do Chile. "Midnight Sound" foi editado no final de 2000 e catapultou-os para os palcos onde atingiram a fama graças aos espectáculos especiais que preparavam. À Casa da Música, os Flanger trazem o mais recente "Spirituals". Neste trabalho, Atom e Friedman recuperam o período da história onde a inspiração para cantar e tocar vinha de algo superior que alimentava o espírito. Sobre "Spirituals", Atom diz que remete a um tempo onde a "música era gravada de forma documental, em que a produção, as técnicas de gravação e a tecnologia ainda não existiam, por isso não influenciavam a natureza com que a música era criada. Era um período inocente". Neste registo, os Flanger exploram e realçam os lados emocionais do jazz-antes-de-ser-jazz, os seus estados de espírito e sentimentos. Ou como Freidman afirmou: "é a restauração da sensibilidade perdida". Gravado entre Santiago do Chile e Colónia, na Alemanha, "Spirituals" marca o regresso da dupla aos originais depois de tês anos de pesquisa.
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