This Week on Cloakroom: Manuel Carvalho - Manta EP


Mundo Urbano:
Vou ser sincero contigo desconhecia completamente o teu trabalho até ter lido o texto da ZDB E com muita pena minha não tive a oportunidade de ir até lá para ver a tua performance. Como é que correu?
Mesmo sem saber muito [ou mesmo nada] sobre ti, posso adiantar que quando esbarrei com o "Mantra Ray" fiquei com a sensação que estava a ouvir uma cena muito fora, pensei eu a certa altura "isto é altamente pornográfico!". É provável que eu tenha entrado numa espécie de transe… o facto é que conseguiste criar uma série de imagens na minha cabeça.

Mantra Ray by _Manta_

Ainda sobre o “Mantra Ray”, nos primeiros 4 minutos notei alguma influência de Daniel Lopatin e daí adiante um cocktail de Jefre Cantu-Ledesma, The Fun Years… e lots of gin!
Era interessante descreveres o processo de criação do Manta. Primeiro de tudo o que é que te inspirou? Que processos de gravação utilizaste até obteres o resultado final?

Manuel Carvalho:
Primeiro que tudo, muito obrigado pelas tuas bonitas palavras, fico muito contente que te tenha tocado de alguma maneira, e a definição «pornográfico» parece-me excelente, hehe.
Sim, é verdade que OPN é uma influência importante, mas o Jefre não o conhecia até este evento da ZDB. Por lá correu tudo muito bem, o pessoal da ZDB é muito boa gente e extremamente profissional e eu também não fiz asneira e a coisa conjugou-se muita bem, de maneira que fiquei muito satisfeito. Podes ver um excerto do live na ZDB aqui.
Quanto à criação em si do disco, em termos de inspiração não saberia dizer ao certo, sou um grande fã de literatura e cinema de ficção cientifica, tenho uma fixação por sintetizadores (quase obscena) e uma grande admiração pelas maravilhas naturais deste planeta, julgo que esses seriam as principais coisas que me inspiram, já para não falar da música, ouço muita música durante muitas horas no meu dia-a-dia, no trabalho, no metro, em casa, ás vezes até gosto de ter um Manuel Göttsching a tocar de fundo baixinho enquanto toco.
Para criar este disco usei um sintetizador, um sampler e uma guitarra, uns quantos pedais e o meu computador para gravar, também me encarreguei da masterização. Foi tudo feito no meu home studio aqui de Barcelona, sobretudo durante a noite depois do trabalho.
O processo de fazer um tema começa normalmente com improvisações que eu gravo, tipo fluxo de consciência, e que depois, por meio de uma mistura de análise tediosa e experimentação lá vou conseguindo reproduzir, matizar e sobrepor até que saia algo com pés e cabeça. Embora o sintetizador tenha a maior representação na maioria do disco, uso também uma variedade de samples de vozes, instrumentos acústicos e gravações de campo, ás vezes identificáveis, outras vezes completamente transformados.
Tenho 23 anos e sou originalmente de Coimbra, fui para Barcelona estudar mestrado de animação, entretanto arranjei um trabalho bem pago e pouco exigente que me permite dedicar e financiar as coisas que são realmente importantes para mim: a música e – como tu adivinhaste – o design gráfico/artes visuais.
O álbum foi auto-editado, tem um packaging especial desenhado por mim, é em CD-R e está à venda online em http://mantaaa.tumblr.com/ (é através do etsy e precisa de registo), também há a possibilidade de me contactarem directamente por e-mail, e eu posso enviar uma cópia. É uma tiragem de 50 cópias numeradas à mão!

Phacopid Raga by _Manta_

Não saberia exactamente definir-me como pessoa e músico, mas é certo que não me quero cingir a este tipo de instrumentações e arranjos que apresento neste álbum, suponho que isso acaba por ser o que me inspira hoje em dia, só depende de uma pessoa o tipo de output que saca, as barreiras técnicas são extremamente baixas, o pessoal é receptivo e os meios de difusão são mais que muitos, acho que qualquer pessoa com aspirações criativas tem muita sorte de viver no século XXI.
Tracklist:
1.Mantra Ray
2.Catarse do Meio
3.Phacopid Raga
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